Bela noite, meu povo. Por aqui não se ouve buzinaço ou tiros dados ao léu, pois a nossa terra é pacífica, mas os ventos sempre trazem os barulhos que pelo mundo rondam.
Os alunos falaram hoje dos manifestos em São Paulo e em outras cidades do país, pelo que me felicito, é sinal de que a televisão não abafou o caso (o que não significa que não tenha distorcido). Houve até os que relacionaram algumas imagens que eu levei para treinarmos a nossa leitura de mundo com os acontecimentos que tem tomado a atenção dos noticiários.
A minha intenção na escolha destas imagens não era essa, mas a lembrança deles de relacionar o material da aula com a realidade imediata foi muito válida. Eles estão lendo o mundo, estão costurando informações, estão refletindo sobre o assunto. Apesar de vivermos em um país de muito conformismo e acomodação, alienação mesmo para ser sincera, momentos como esse nos provam que nem tudo foi apagado pela borracha de apagar ideologias, como nos disse o Quino, pela boca da Mafalda.
Nas próximas aulas estaremos falando sobre a visão do outro, o respeito às diferentes concepções de mundo e acredito que as disputas de poder político que se desenrolarão nas próximas semanas serão excelentes exemplos para serem discutidos com a turma.
Falando de diferentes concepções de mundo, acabamos por falar de várias religiões e culturas quase desconhecidos para nós. Ficam algumas referências para quem se interessa por saber mais sobre estas culturas.
Xintoísmo, falamos da visão da morte para os xintoístas, de como eles não reconhecem a existência de um paraíso e tem costumes fúnebres diferentes dos nossos.
Tocamos ainda em certos costumes tupinambás, de como eles choravam para demonstrar contentamento (vide Triste fim de Policarpo Quaresma).
Falamos também sobre as fases de aceitação da morte, uma aluna sacou de um livro os três passos até a aceitação (não sei porque a menina estava com esse livro na bolsa, deve ser porque meus alunos são cultos e ledores), e outra ainda se lembrou do complexo de Édipo quando por não sei lá qual razão eu decidi contar o enredo da peça de Sófocles para eles.
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Dia dos mortos - México |
É incrível como vivemos em um mundo diverso, não é? Somente por pararmos um pouco para pensar sobre as visões da morte em algumas culturas já chegamos a uma variedade grande de referências.
O que mais gostei foi do fato de que boa parte dessas referências foram fornecidas pelos próprios alunos. Como o amiguinho que se lembrou dos ritos de morte dos egípcios, do outro que mencionou a visão de morte dos homens-bomba e das mulheres-bomba.
O tema da aula não era " visões sobre a morte", mas foi rica a participação. Estou certa de que quando passarmos a falar sobre alteridade, etnocentrismo, xenofobia e xenofilia teremos papos bem interessantes.
Uma boa semana a tod@s!