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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Baba Alapalá



Vocês conhecem as músicas do Gilberto Gil? Pra quem não conhece, vamos assistir essa entrevista antiga dele e ouvir essa música que eu acho linda, linda.

Acompanhem pela letra:

Babá Alapalá
Gilberto Gil
Aganjú
Xangô
Alapalá, alapalá
Alapalá
Xangô
Aganjú
O filho perguntou pro pai
Onde é que tá meu avô
O meu avô
Onde é que tá
O pai perguntou pro avô
Onde é que tá meu bisavô
Meu bisavô onde é que tá
Avô perguntou bisavô
Onde é que tataravô

Tataravô onde é que tá
Tataravô,
Bisavô
Avô
Pai Xangô, Aganjú
Viva
Egum
Babá
Alapalá
Aganjú
Xangô
Alapalá, alapalá
Alapalá
Xangô
Aganjú
Alapalá egum

Espírito elevado ao céu
Machado alado
Asas do anjo de aganjú
Alapalá egum
Espírito elevado ao céu
Machado astral

Ancestral do metal
Do ferro natural
Do corpo embalsamado
Preservando em bálsamo sagrado
Corpo eterno e nobre
De um rei nagô
Xangô

Alteridade - Identidade - Quem somos nós?


Quem somos nós?

Para a maioria de nós é difícil responder a essa pergunta, especialmente para aqueles que possuem uma identidade negativada na sociedade. Sobre a minha identidade eu escrevi um texto bem pessoal em um blogue antigo meu, quem quiser ler, fique à vontade: (x) Parda. É especialmente difícil nos definir em um ambiente que nos persegue, oprime, ridiculariza, torce o nariz para as nossas diferenças.

Então, eu tenho que tratar do tema com meus alunos e fico felicíssima por isso, porque acredito que a maioria deles nunca tenha tido a oportunidade de falar sobre o assunto, e talvez perceber que não está só com suas angústias neste mundo. Talvez as nossas discussões ajudem alguém a enxergar que não é o perseguido que está errado por ter nascido diferente do que alguém decidiu eleger como "Cultura", como "Certo", como "o que a Bíblia aprova". Mas o que eu vejo me assusta.

É preocupante para mim que em lugar de identificar e dialogar com pessoas cuja identidade é menosprezada por nossa sociedade eu perceba que estas vozes continuem silenciadas e/ou omissas. Falamos do movimento feminista, do movimento negro, das religiões afro, da causa gay, mas me parece que estou falando com as paredes.

O problema para mim não é exatamente a apatia, por exemplo, das mulheres falarem em favor do feminismo. Até porque eu não sou ingênua ao ponto de pensar que numa cidade tão pequena quanto a minha exista de fato feministas. Eu sei que as minhas alunas estão, na sua imensa maioria, mais preocupadas em namorar, em ficar bonitas, e se bipartem entre uma libertinagem preocupante ou uma tão preocupante quanto posição de se prepararem para um casamento. Isso me preocupa, mas não me desespera, afinal, acomodação é a palavra mais adequada para etiquetar 99% da humanidade. 

O que me desespera é o seguinte. É quando eu digo que é necessário respeitar as diferenças e o direito das pessoas terem a religião que desejarem, a opção sexual que desejarem, o partido político que desejarem, quando eu digo que desprezar, evitar e caluniar as pessoas porque elas não se deixam converter para uma determinada religião eu vejo pessoas se mexerem em suas cadeiras. Quer dizer, eu identifico pessoas que julgam, estereotipam, perseguem, lamentam, apontam, oprimem, vexam e nunca se deram conta que estão desrespeitando a liberdade dos outros.

O que me causa desespero é alguém do meio da turma insinuar que o mundo está como está porque as pessoas não respeitam o que está escrito. "O que está escrito". Ou seja, julgar, estereotipar, perseguir, apontar, oprimir, vexar, caluniar, amaldiçoar, excomungar, tudo isso, tudo isso é justificável. Etnocentrismo. Segregação. Alteridade negativa. E eu, na tentativa de deixar bem claro do que estou falando, retrucar: "Sim, vale o que está escrito na Lei. A Constituição e a Declaração dos Direitos Humanos garantem que todo ser humano tem liberdade religiosa, política, de opção sexual, tem direito de ir e vir e de expressar sua opinião sem ser perseguido por isso." O que as pessoas não conseguem entender é que "expressar sua religião e opinião" não é sinônimo de "impor" sua religião e opinião.

Eu já ouvi isso de mais de uma pessoa. "Nós cristãos estamos sendo perseguidos por nossa opinião religiosa, nós só queremos que respeitem a Bíblia e o nosso direito de tentar ajudar (salvar) as pessoas que não a conhecem e entendem". Trocando em miúdos: nós cristãos não queremos ser criticados por ser contra o homossexualismo. "A mídia está fazendo campanha a favor da homossexualidade, querem que todos aceitem isso naturalmente", ou "do jeito que estão defendendo os homossexuais, nossos filhos vão crescer e desejar se tornar homossexuais", ou "não quero ser ridicularizado porque minha opinião é contra a homossexualidade".

Identidade em conflito. Cristão que se sentem feridos em sua liberdade de expressar suas opiniões. Muito bem. Eu gostaria que todas as pessoas tivessem capacidade de se colocar no lugar dos outros. Talvez imaginar que homossexuais e cristãos desejam o mesmo. Respeito. Consideração.

É aí que eu concluo. Nós somos humanos e por isso somos capazes de todo o mal. Se tivermos chance de apagar as diferenças, apagaremos. Para isso serve a Lei. Para nos conter, para equilibrar a divisão desigual de forças. Harmonizar.

Por isso, precisamos ser cuidadosos com as leis que aprovamos, precisamos ser cuidadosos com as pessoas que elegemos para nos representar. Precisamos ser cuidadosos quando exigimos que ouçam e atendam nossas exigências. Porque somos muito diferentes, nem tudo que atende a necessidade de alguns atenderá a necessidade de todos.

Slide da aula 1 - Jogo da Literatura

Quem quiser rever o quiz que nós respondemos na nossa primeira aula, retirado do site da revista nova escola, pode baixar em forma de pdf., ou acompanhar o jogo completo aqui.

E aí, quantas questões vocês acertaram?

terça-feira, 18 de junho de 2013

Leituras de mundo

Bela noite, meu povo. Por aqui não se ouve buzinaço ou tiros dados ao léu, pois a nossa terra é pacífica, mas os ventos sempre trazem os barulhos que pelo mundo rondam.

Os alunos falaram hoje dos manifestos em São Paulo e em outras cidades do país, pelo que me felicito, é sinal de que a televisão não abafou o caso (o que não significa que não tenha distorcido). Houve até os que relacionaram algumas imagens que eu levei para treinarmos a nossa leitura de mundo com os acontecimentos que tem tomado a atenção dos noticiários.

A minha intenção na escolha destas imagens não era essa, mas a lembrança deles de relacionar o material da aula com a realidade imediata foi muito válida. Eles estão lendo o mundo, estão costurando informações, estão refletindo sobre o assunto. Apesar de vivermos em um país de muito conformismo e acomodação, alienação mesmo para ser sincera, momentos como esse nos provam que nem tudo foi apagado pela borracha de apagar ideologias, como nos disse o Quino, pela boca da Mafalda.

Nas próximas aulas estaremos falando sobre a visão do outro, o respeito às diferentes concepções de mundo e acredito que as disputas de poder político que se desenrolarão nas próximas semanas serão excelentes exemplos para serem discutidos com a turma.

Falando de diferentes concepções de mundo, acabamos por falar de várias religiões e culturas quase desconhecidos para nós. Ficam algumas referências para quem se interessa por saber mais sobre estas culturas.

Xintoísmo, falamos da visão da morte para os xintoístas, de como eles não reconhecem a existência de um paraíso e tem costumes fúnebres diferentes dos nossos.

Tocamos ainda em certos costumes tupinambás, de como eles choravam para demonstrar contentamento (vide Triste fim de Policarpo Quaresma).

Falamos também sobre as fases de aceitação da morte, uma aluna sacou de um livro os três passos até a aceitação (não sei porque a menina estava com esse livro na bolsa, deve ser porque meus alunos são cultos e ledores), e outra ainda se lembrou do complexo de Édipo quando por não sei lá qual razão eu decidi contar o enredo da peça de Sófocles para eles.

Dia dos mortos - México

É incrível como vivemos em um mundo diverso, não é? Somente por pararmos um pouco para pensar sobre as visões da morte em algumas culturas já chegamos a uma variedade grande de referências.

O que mais gostei foi do fato de que boa parte dessas referências foram fornecidas pelos próprios alunos. Como o amiguinho que se lembrou dos ritos de morte dos egípcios, do outro que mencionou a visão de morte dos homens-bomba e das mulheres-bomba.

O tema da aula não era " visões sobre a morte", mas foi rica a participação. Estou certa de que quando passarmos a falar sobre alteridade, etnocentrismo, xenofobia e xenofilia teremos papos bem interessantes.

Uma boa semana a tod@s!

Módulo I do Universidade Para Todos.

Clique aqui para baixar e visualizar.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

1ª chamada do Sisu 2013/2 publicada

Atenção pessoal, quem participou do Enem 2012 e inscreveu seu resultado para concorrer ao Sisu já pode conferir a primeira chamada para os vestibulares de 2013/2. Confira por aqui o seu resultado.

Boa sorte a todos!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Retorno

Já vão desde as minhas últimas aulas em 2012 quase seis meses sem exercer a profissão. Hoje foi a reestreia (palavra que precisei consultar no Ortografa!, pois a nova ortografia ainda não se tornou parte da minha língua-mãe).

Saudades de lecionar eu não tinha, como quem me conhece sabe, a delicadeza dos sentimentos é minguada em mim. Por compensação, o retornar não me pesou aos ombros, o que para alguém cuja ótica sempre insinua o copo mais vazio é sinal de bom ânimo.

Retornei, pois sim. Alguns rostos conhecidos, outros não. A experiência de trabalhar com pré-vestibulares públicos me é sempre agradável. É somente neste momento que sinto um grupo empenhado em algo, interessado em aprender, sem corpo mole, sem fricotes, sem preguiças (quase sem).

Senti-me aliviada também por outras razões, personalíssimas, e sem entrar em pormenores, digo apenas que me senti a mesma de sempre, sem alterações no modo de agir. Quando estou em aula, sinto-me sempre a pessoa mais sensata do mundo (não que eu o seja, mas sinto).

Por fim, saltando os introdutórios, ficam as dicas sobre alguns livros dos quais falamos hoje na aula de estreia (reestreia).

Os Lusíadas, de Luís de Camões.
Resuminho básico, vocês podem pesquisar mais. Se houver pedidos, eu tenho a obra em traduções modernas.


O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway.
Fica a dica, compartilhar conhecimento e impressões sobre os livros que lemos é de grande ajuda, se quiserem, depois eu posso estar indicando fóruns de discussão e outros blogues com iniciativas parecidas.


Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto.
Essa produção é velha conhecida minha, dos tempos em que eu tinha tempo para assistir a TV Escola e a TV Câmera, achem tempo para assistir tudo, o mais interessante é que são utilizados trechos de texto integral, o que para nós é ótimo.


Memórias Póstumas de Brás Cubas. do Machado de Assis.
Gosto muito desta releitura fílmica do Memória Póstumas, porque o roteirista e o diretor conseguem capturar o espírito cômico e irônico do Machado, o que o leitor-estudante médio muitas vezes deixa passar despercebido devido a falta de costume com a leitura e com o humor do século XIX.


Macunaíma, do Mário de Andrade.
Para mim, o filme é ótimo, para vocês eu não sei. Cinema brasileiro, infelizmente não cai nas graças dos adolescentes de hoje. O que é uma pena, o cinema brasileiro do decorrer do século XX dá um banho de criticismo político e social, engajamento, espírito de resistência e reflexão. Tudo o que nos falta atualmente. Massss, melhor do que o filme, com certeza é a obra do Mário de Andrade, quando li Macunaíma eu pensei: "Por que não li isso antes!"


Por hoje é só, lembrando que aqui eu dou apenas sugestões de como se inteirar sobre estas obras literárias através de outras mídias. O contato com a obra em outros suportes sempre é válido para construção do nosso conhecimento, mas, havendo a oportunidade, ler a obra em si é super recomendável. O alimento da nossa mente é a leitura, se não lemos, definhamos.

Um abraço a tod@s! ^^