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quinta-feira, 15 de março de 2012

Arte literária


A pintura rupestre nas paredes de uma caverna é arte? E os afrescos no teto da Capela Sistina? E os balaios de  palha trançada vendidos na feira? 





Nós identificamos naturalmente a arte em objetos belos, embora não saibamos responder com exatidão o que é arte e qual sua função. 

O que sabemos é que as diferentes sociedades no correr dos tempos definiu diferentes funções e usos para o fazer artístico. Ainda assim, não podemos definir o senso artístico como um saber meramente sedimentado e reprodutor de mentalidades, mas como um saber criativo, crítico e, em determinados momentos, visionário. 


O conceito de arte não pode ser aprisionado em um punhado de frases prontas. Essa forma indefinida instiga sempre mais a se pensar sobre o porquê e o para quê do fazer arte. A busca desta resposta pode nos ajudar a compreender melhor a nossa natureza de seres sensíveis e complexos.

A literatura é arte das palavras, reflete as relações do homem com o mundo e exatamente por isso está em constante mudança. Com a mesma velocidade em que as pessoas mudam sua forma de enxergar a realidade e de se relacionar com outras pessoas muda o tratamento que os escritores dão ao trabalho de elaborar a linguagem e criar com ela novas maneiras de representar.






Como podemos explicar a grande mudança entre a representação da Monalisa, pintada no século XVI por Leonardo da Vinci e a pintura cubista do francês Fernand Léger, feita no início do século XX? Estaríamos falando da mesma concepção de arte?




A leitura da palavra passa pela leitura do mundo, precisa ser prazerosa e significativa, somente assim se tornará descoberta de outros mundos, renovação das nossas percepções sobre a realidade, passagem para nos levar tanto ao terreno do sonho e da imaginação quanto para nos revelar a crueza da realidade.


Contar histórias, rememorar acontecimentos antigos por meio das palavras e aproximá-las do ouvinte pelo exercício da imaginação. Registrar os pensamentos, as dúvidas, as críticas e repassá-las para a posteridade, como palavras lançadas dentro de uma garrafa para um mar de incertezas e imprevisíveis leituras. Captar fragmentos da realidade e reordená-los de forma a inventar algo inédito, original ou simplesmente familiar aos sentimentos.